Mosley e a Cidade Secreta - Análise de Animações - Assuntos, Opiniões ou Textos Aleatórios
Uma coisa que eu gosto bastante de fazer é dar uma oportunidade a animações que ninguém dá importância ou pouco valor, o mundo dos filmes de animação não se trata só de Disney, Pixar ou até mesmo da Dreamworks, e andam por ai muitos conteúdos raros, considerados ''underrated''ou quem sabe, ruins para muitos, mas que realmente valem a pena assistir de algum modo. O que é o caso de Mosley e a Cidade Secreta (nome do filme em ptpt).
Eu não sei exatamente o que me fez querer assistir este filme - produção da Nova Zelândia em parceria com um estúdio da China - apenas achei o filme de forma aleatória em pesquisas e fiquei com vontade de o ver. Apesar da leitura da sinopse dar uma sensação de premissa de ar deveras cliché, algo que como regra geral costuma ser um repelente para mim, o poster e visuais das personagens chamaram pouco a minha atenção, apesar de bem bonitos, a vontade surgiu do nada.
Mas não, não me arrependi de o ver, muito pelo contrário, Mosley e a Cidade Secreta é daquelas situações produzidas por estúdios pequenos que, se tivessem tido alguma oportunidade maior, de uma forma ou de outra conseguiriam impressionar a um publico maior pelo seu conteúdo, pois para mim consegue estar no mesmo nível de muitos filmes de animação conhecidos e até mesmo famosos que andam por ai, quem sabe, até superando alguns que retratam plot semelhante (e não só).
Procedendo a uma analise sem muitos spoiler...
Algo que eu achei muito curioso no filme foi a forma como ele adotou um tom mais sério em comparação com a maioria dos filmes de animação que existem, recorrendo a alívios cómicos pouco ocasionais, mas muito subtis, não foram nada que fizessem arrancar uma gargalhada á grande, mas foram o suficiente num simples papel em tentar agradar de vez em quanto ao apenas retirar alguns sorrisos do rosto. Não foram extraordinários, mas fizeram um otimo trabalho, ainda mais em nenhum deles ter sido usado para quebrar climas demasiado intensos, como é o costume em muitos.
O protagonista Mosley se destacou para mim por ser um pouco diferente do habitual, quebrando o padrão de personagem que tenta ser muito divertida ou demasiado otimista, algo comum que já está a começar a enjoar por ai no universo atual tanto dos desenhos animados e filmes de animação. Apesar de seu filho entrar nesse papel, mas o que vale é que ele é reduzido a uma personagem mais secundária propriamente. Mosley é alguém deveras sério, sem esperanças algumas em um dia conseguir um mundo melhor para sua família, sofrendo abusos diários no trabalho da quinta e sem qualquer direito em expressar suas opiniões ao dono, sem coragem de realmente o enfrentar ou se manifestar, algo que aos poucos vai mudando ao longo da sua história........
Apesar do filme inteiro ter um ar cliché inicialmente, com bastantes momentos previsíveis, foi uma história interessante, que também contou com situações um tanto inesperadas que o deixaram assim bastante equilibrado. O desenvolvimento e narração da história em geral, foram muito bem construídas, as personagens mais importantes foram ganhando seu próprio espaço de forma gradual através da recorrente mudança de pontos de vista, contando assim com suas motivações cada vez mais fortes e claras, passando cada uma por um desenvolvimento consistente e satisfatório. Quem escreveu o filme definitivamente sabia o que estava fazendo ao contar sua história.
No final, o facto do filme ter esse mesmo ar ''cliché'' e ao mesmo tempo mais simples não importou em nada, tendo em conta a forma um tanto mais única como ele tratou e demonstrou todos os seus temas com carinho e desenvolveu suas personagens juntamente com sua história. Além do seu final satisfatório. Uma história simples sobre esperança que conseguiu passar bem sua mensagem, sem partes demasiado apressadas ou sem partes muito lentas, todo o filme pareceu estar no seu equilíbrio certo, o que o deixou bastante agradável.
Gostei bastante da forma simples e leve como retrataram várias das temática, devo realçar a um belo mesclado entre maltratos a animais e escravidão, temas considerados pesados e portanto raros de retratar no entretenimento infantil e nomeadamente no ramo da animação, principalmente nos dias de hoje. Podia ter sido melhor? Sim, podiam ter desenvolvido bem melhor, mas a forma como usaram cenas consideradas pesadas, alguma violência, nada sem exageros ou sem sangue em todos os lados, além da representação de pressão psicológica e medo, ficou bem no ponto para mim em questão de tratar do tema tanto com o publico mais novo como com o publico mais velho de forma delicada, apesar de um tanto superficialmente na maior parte das situações em questão.
A utilização recorrente de técnicas ''Show, don't talk'' também foram bem importantes para a transmissão de determinadas mensagens mais visuais de forma bem conseguida, deixando inúmeras situações bastante profundas, entre elas, devo realçar o inicio do filme, onde a separação de Mosley da sua mãe e a sua compra por um agricultor transformou-se numa situação poderosa que conseguiu despertar a atenção e assim apresentar e iniciar o universo do filme, incluindo tudo o que ele representa, com chave de ouro.
A trilha sonora não é grande especialidade, são musicas de fundo normais, comuns como as de qualquer outro filme de animação, mas fizeram o seu trabalho, o suficiente para levar os espectadores e as personagens dentro da otima jornada que a história e todo o filme em si tem para oferecer.
Devo comentar algo semelhante com os visuais do filme, apesar das personagens terem um charme visual bem carismático, os cenários de fundo e visuais conseguiram representar bem o clima de diversos ambientes. O filme é um filme bem bonito e em certos pontos até que, fofo.
Apesar de todos os elogios bem merecidos, devo também comentar a parte mais fraca do filme, ou, pelo menos, aquelas em que eu vi problemas. Para começar, o surgimento de magia do nada como um elemento ''deus ex machina'' para a resolução de conflitos, principalmente num dos confrontos finais. Não foi totalmente ruim, mas acredito que existia formas muito melhores de resolver essas situações do que a introdução de magia num mundo que se deveria ter mantido completamente dentro dos aspectos comum.
Outra critica está na forma em como toda a história do filme a partir de certos pontos parece uma metáfora enorme a Religião, mais uma vez não foi totalmente tão ruim, mas a forma como essa ideia foi transmitida deu a entender que no final a mensagem era sobre não acreditar ou não ter esperança em uma entidade maior especifica, o que pode ser considerada uma ofensa a outras religiões se analisada em certos pontos de vista, mas é melhor não aprofundar nesse assunto por puro respeito e evitar possíveis tretas. Estes pontos mais negativos são até bastante toleráveis em certo nível e trazem uma mensagem muito importante se a sua analise ignorar vários elementos ao redor. e se mantiver superficial dentro do contexto do filme.
De 0 a 10, sem exageros, dou nota de 7,5 ao filme e acho bem merecido.
Eu não sei exatamente o que me fez querer assistir este filme - produção da Nova Zelândia em parceria com um estúdio da China - apenas achei o filme de forma aleatória em pesquisas e fiquei com vontade de o ver. Apesar da leitura da sinopse dar uma sensação de premissa de ar deveras cliché, algo que como regra geral costuma ser um repelente para mim, o poster e visuais das personagens chamaram pouco a minha atenção, apesar de bem bonitos, a vontade surgiu do nada.
Mas não, não me arrependi de o ver, muito pelo contrário, Mosley e a Cidade Secreta é daquelas situações produzidas por estúdios pequenos que, se tivessem tido alguma oportunidade maior, de uma forma ou de outra conseguiriam impressionar a um publico maior pelo seu conteúdo, pois para mim consegue estar no mesmo nível de muitos filmes de animação conhecidos e até mesmo famosos que andam por ai, quem sabe, até superando alguns que retratam plot semelhante (e não só).
Procedendo a uma analise sem muitos spoiler...
Algo que eu achei muito curioso no filme foi a forma como ele adotou um tom mais sério em comparação com a maioria dos filmes de animação que existem, recorrendo a alívios cómicos pouco ocasionais, mas muito subtis, não foram nada que fizessem arrancar uma gargalhada á grande, mas foram o suficiente num simples papel em tentar agradar de vez em quanto ao apenas retirar alguns sorrisos do rosto. Não foram extraordinários, mas fizeram um otimo trabalho, ainda mais em nenhum deles ter sido usado para quebrar climas demasiado intensos, como é o costume em muitos.
Apesar do filme inteiro ter um ar cliché inicialmente, com bastantes momentos previsíveis, foi uma história interessante, que também contou com situações um tanto inesperadas que o deixaram assim bastante equilibrado. O desenvolvimento e narração da história em geral, foram muito bem construídas, as personagens mais importantes foram ganhando seu próprio espaço de forma gradual através da recorrente mudança de pontos de vista, contando assim com suas motivações cada vez mais fortes e claras, passando cada uma por um desenvolvimento consistente e satisfatório. Quem escreveu o filme definitivamente sabia o que estava fazendo ao contar sua história.
No final, o facto do filme ter esse mesmo ar ''cliché'' e ao mesmo tempo mais simples não importou em nada, tendo em conta a forma um tanto mais única como ele tratou e demonstrou todos os seus temas com carinho e desenvolveu suas personagens juntamente com sua história. Além do seu final satisfatório. Uma história simples sobre esperança que conseguiu passar bem sua mensagem, sem partes demasiado apressadas ou sem partes muito lentas, todo o filme pareceu estar no seu equilíbrio certo, o que o deixou bastante agradável.
Gostei bastante da forma simples e leve como retrataram várias das temática, devo realçar a um belo mesclado entre maltratos a animais e escravidão, temas considerados pesados e portanto raros de retratar no entretenimento infantil e nomeadamente no ramo da animação, principalmente nos dias de hoje. Podia ter sido melhor? Sim, podiam ter desenvolvido bem melhor, mas a forma como usaram cenas consideradas pesadas, alguma violência, nada sem exageros ou sem sangue em todos os lados, além da representação de pressão psicológica e medo, ficou bem no ponto para mim em questão de tratar do tema tanto com o publico mais novo como com o publico mais velho de forma delicada, apesar de um tanto superficialmente na maior parte das situações em questão.
A utilização recorrente de técnicas ''Show, don't talk'' também foram bem importantes para a transmissão de determinadas mensagens mais visuais de forma bem conseguida, deixando inúmeras situações bastante profundas, entre elas, devo realçar o inicio do filme, onde a separação de Mosley da sua mãe e a sua compra por um agricultor transformou-se numa situação poderosa que conseguiu despertar a atenção e assim apresentar e iniciar o universo do filme, incluindo tudo o que ele representa, com chave de ouro.
A trilha sonora não é grande especialidade, são musicas de fundo normais, comuns como as de qualquer outro filme de animação, mas fizeram o seu trabalho, o suficiente para levar os espectadores e as personagens dentro da otima jornada que a história e todo o filme em si tem para oferecer.
Devo comentar algo semelhante com os visuais do filme, apesar das personagens terem um charme visual bem carismático, os cenários de fundo e visuais conseguiram representar bem o clima de diversos ambientes. O filme é um filme bem bonito e em certos pontos até que, fofo.
Apesar de todos os elogios bem merecidos, devo também comentar a parte mais fraca do filme, ou, pelo menos, aquelas em que eu vi problemas. Para começar, o surgimento de magia do nada como um elemento ''deus ex machina'' para a resolução de conflitos, principalmente num dos confrontos finais. Não foi totalmente ruim, mas acredito que existia formas muito melhores de resolver essas situações do que a introdução de magia num mundo que se deveria ter mantido completamente dentro dos aspectos comum.
Outra critica está na forma em como toda a história do filme a partir de certos pontos parece uma metáfora enorme a Religião, mais uma vez não foi totalmente tão ruim, mas a forma como essa ideia foi transmitida deu a entender que no final a mensagem era sobre não acreditar ou não ter esperança em uma entidade maior especifica, o que pode ser considerada uma ofensa a outras religiões se analisada em certos pontos de vista, mas é melhor não aprofundar nesse assunto por puro respeito e evitar possíveis tretas. Estes pontos mais negativos são até bastante toleráveis em certo nível e trazem uma mensagem muito importante se a sua analise ignorar vários elementos ao redor. e se mantiver superficial dentro do contexto do filme.
Considerações finais:
Mosley é um filme de animação pouco conhecido cuja simplicidade foi um dos seus pontos fortes, o filme conseguiu jogar dentro do seguro construindo uma otima história e desenvolvendo extremamente bem todos os seus temas e utilizando bem (quase) todas as suas personagens dentro dos limites. Este filme de animação tem uma história que, apesar de não ser nada de novo, conseguiu ser interessante e otima mesmo assim ao trabalhar com seus elementos de um jeito um tanto mais diferente. Mosley é um filme de animação que impressionou-me bastante e que para mim consegue estar ao nível de várias animações de estúdios maiores. Apesar de uns defeitos aqui e ali, assistir este filme foi realmente uma experiência que eu adorei e recomendo fortemente a qualquer um para sentar, assistir e tirar suas próprias conclusões.De 0 a 10, sem exageros, dou nota de 7,5 ao filme e acho bem merecido.
Capitulo 4
Meu querido irmão
Preso entre os
penhascos altos de uma montanha próxima de Terrera, a grande saliência de uma máquina
construída por mãos humanas se encontrava presa entre as rochas. A parte de
cima do balão de Muneshige tinha arrebentado, logo a máquina não poderia ser
movida assim tão facilmente do local. Estavam a uma elevada altitude entre um
intenso nevoeiro, o que dificultava a visão do jovem no interior do balão para
o exterior. Ele acordara há pouco tempo e obviamente não entendia o que havia
acontecido e nem sabia onde estava o amigo humano que lhe tinha dado a viagem
gratuita.
Se arriscasse
sair dali, iria cair no precipício profundo, por entre algumas árvores e suas
espessas lianas. Para piorar, um incêndio parecia eminente, o pequeno Emolga
tentava com suas asas acalmar e absorver algumas correntes eletricas, fazendo
com que a falha no sistema não acabasse prejudicando o fluxo de ar do balão ou
arrebentando o motor. Mas aos poucos, o esquilo voador ia ficando
sobrecarregado e cansado. Braviary não podia fazer muita coisa, mas tentava
manter o balão ali preso o mais estável possível, manipulando seus poderes contra
algumas correntes de vento forte que soprava.
Andava de um
lado para o outro na área interior da maquina do balão, sua Ursaring também
adotava um ar preocupado. Já Zangoose surgiu sobre um ramo, com várias frutas
num dos braços, entregando ao pequeno grupo como alimento ao entrar no cesto do
balão. Aerrow segurou uma Oran Berry e deu uma dentada, não apreciava muito o
sabor da fruta, mas sabia que uma oferta de um dos seus Pokémon não era algo
que devesse rejeitar.
— Obrigado, mas
temos é que nos preocupar em sair daqui… Se movermos muito mais o balão isto
tudo vai explodir… — Aerrow encarou Emolga quase em estado de exaustão. — Temos
que ser rápidos o quanto antes e pensar num plano.
De entre as
frutas trazidas por Zangoose, avistou um pequeno Joltik que caminhou de um lado
para o outro, procurando a saída. Deve ter vindo nos braços do Pokémon. De
seguida, outro surgiu, e mais outro e mais uns quantos, de entre alguns buracos
de peças da fruta que possivelmente estavam podres e de entre o próprio pelo do
Zangoose, que logo chamaram mais Joltik que vieram do exterior.
— Devemos estar
na fronteira, as montanhas a norte de Terrera que dividem as regiões de Chrysalia
e Illusio — pensou Aerrow para si próprio. — Ouvi dizer que por aqui existem
bastantes Joltik… Quase como uma praga.
De repente, um
click em sua mente. Aerrow segurou num dos Joltiks com cuidado e posicionou-o
próximo à descarga eléctrica. O pequeno Pokémon foi até lá e alimentou-se com
satisfação, algo que chamou por completo a atenção de todos os outros Joltik
presentes. Os Pokémon correram para lá, eram tantos que a bateria da maquina
pareceu diminuir sua potencia e aos poucos ficar completamente vazia, sem a
electricidade que a alimentava. Emolga finalmente saiu da corrente e pode
contar com algum descanso, apesar do Pokémon quase estar entrando num estado de
muita energia sobrecarregada no corpo, disparando e correndo feito um louco
contra a sua vontade para tentar diminuir tanto poder eléctrico dentro de si.
Quando
finalmente parou, adormeceu exausto no meio do chão. Os Joltik selvagens pareciam
satisfeitos. Alguns pararam de comer e evoluíram devido a satisfação, grandes Galvantula
logo começaram a construir um lar mesmo ali — parecia um ótimo sitio para eles
— ao atirarem teias e mais teias ao redor. Aos poucos, eles prendiam bem a nave
às altas paredes das escarpas montanhosas.
De repente,
Aerrow avistou um Galvantula diferente dos demais. Seu corpo contava com cores
mais avermelhadas. Aparentemente era a rainha, a chefe do grupo dos Joltik. Ela
chegou-se até ele e o agradeceu.
Zangoose riu,
parecia que tudo tinha sido parte de um plano seu. Segurou Aerrow e Emolga e
fez um sinal a Braviary. O grande pássaro aos poucos carregou os companheiros
até o chão firme, uma tarefa que devido ao vento entre as escarpas altas, foi
bastante difícil e demorada. Mas a Galvantula deu-lhes uma mãozinha com uma
teia forte o suficiente para todos se agarrarem como suporte para se segurarem
caso tivesse maior medo ou se desequilibrarem.
— Como vamos
sair daqui agora? Tenho que chegar a tempo da comemoração de minha irmã. —
Comentou o humano, olhando para a nave com os Joltik e Galvantula lá no alto
entre o nevoeiro que se intensificava – Pelo menos ir só fazer meu papel e
resolver as coisas…
Braviary fez-lhe
um sinal — ele iria procurar Muneshige por ele próprio ou procurar alguma
direção ou ajuda. Após recuperar as energias comendo mais algumas das Berrys
trazidas por Zangoose, alçou voo em direção àquilo que parecia ser Terrera. Emolga
quis ir com ele. Swift, o pequeno Eevee de Aerrow, pareceu irrequieto algum
tempo depois. Era melhor não permanecerem muito tempo por ali. Swift, Ursaring
e Zangoose então começaram a sentir ruídos próximos, passos de alguém.
Aerrow correu
com eles, escondendo-se atrás de uma árvore próxima e viram um grupo de
guerreiros armados marchando por ali. O rapaz bem pensou em pedir ajuda, mas
quando viu eles pararem a marcha, apercebeu-se que seria melhor esperar e
escutar, já que eles não pareciam estar caçando coisa boa, especialmente
aqueles guerreiros em especifico.
***
Eilonwy andava
de um lado para o outro. Suas roupas cerimoniais agarravam-se a seu corpo de
forma desconfortável, mas ela teria que se manter firme e aguentar. Não era
pessoa de gostar de roupas extravagantes e apertadas, preferindo sempre algo
leve e fresco para usar como vestimentas. O brasão de Aurora marcava os
ornamentos de tais trajes extravagantes. Guerreiros ao estilo samurai rondavam
o local, a acompanhando. Até agora não existia nenhum sinal de seu irmão, nem
mesmo uma carta, nada, nenhum aviso, nenhuma confirmação de que ele realmente
viria ou estava a caminho.
A mulher parou e
deu um soco na parede. Ela já sabia que isto iria acontecer e que ele não iria
aparecer no dia. Oichi, de ar reprimido, apareceu no outro lado do corredor
carregando sua Jigglypuff nos braços, que tal como as humanas, também usava
trajes cerimoniais.
— Eu sabia que
ele não iria aparecer, mas que filho da puta — Eilonwy resmungou. — Eu
precisava realmente de conversar com ele cara a cara.
— Eily… — Oichi
lembrou-se das conversas que ela tivera dias antes com a amiga, cerrou os olhos
e respirou fundo. — Está na hora da coroação.
Eilonwy respirou
fundo, era notável o quanto estava nervosa, e Oichi ainda mais. Entrelaçou os
seus dedos nos dedos dela, que igualmente tremia. Oichi serrou lentamente os
olhos e beijou calmamente a superfície dos lábios de Eilonwy quando mais
ninguém estava olhando. Aquilo não era nenhuma revelação, e de certa forma
aquilo a confortou.
— Quem me dera
agora ser de noite para termos mais um jantar tipo aquele nas traseiras… Mas já
que não temos mais opção… Vamos.
Eilonwy ajeitou
seus cabelos e trajes. A sua Sylveon também utilizava algumas roupas extravagantes,
os sinos começaram a tocar, os soldados a marchar no corredor, obrigando a
dupla caminhar em frente também. Fora do palácio a população das terras do reino
de Aurora estava em peso, aguardando o momento mais alto do evento.
Oichi tentou se
desviar, acompanhando os passos da amiga, mas vários soldados a empurraram com
força de modo acidental e, como consequência, acabou por se perder no meio dos
soldados e da multidão. E ao tentar fugir, acabou por ir parar ao terraço
exterior do palácio, o jardim real, enquanto Eilonwy, sozinha e inquieta,
estava a tentar proceder a um discurso no pátio central para tantas pessoas que
ouviam-na interessados no evento.
No inicio, seu
jeito pareceu desajeitado, mas estava a fazer o melhor que pode dentro dos seus
limites. Apesar de não conseguir explicar nada, precisava de Oichi ao seu lado.
Eilonwy estava a começar a entrar em certo pânico quando as pessoas começaram a
recuar e a questionar onde estava Oichi, a actual rainha de Aurora, e a se perguntar
ainda mais sobre quem era aquela que do nada subira em palco com um discurso
confuso e explicação tão complicada que no final nada mais explicava assim.
— Eu… Eu não…
Não consigo fazer isto sozinha… — comentou quase sussurrando para a Sylveon,
que a segurava como um suporte mostrando apoio — Procura a Oichi, depressa, por favor!
Sylveon com suas
tranças ao vento começou a correr entre as pessoas, se soltando bruscamente das
roupas que vestia e libertando ainda mais seu corpo, aumentando sua agilidade
de corrida. Percorreu o interior do palácio, incluindo quartos e a cozinha, até
chegar nas traseiras. O jardim parecia o mesmo, tirando o facto de um homem de
armadura negra estar frente a frente com a jovem dama que pretendia encontrar.
Sylveon parou,
aterrorizada observando o que estava a acontecer. De repente, sentiu um raio de
um trovão atingir seu corpo. Ela não conseguiu se desviar e caiu para o lado,
paralisada.
Um grande dragão
negro se encontrava-se a sobrevoar, silencioso, escondido, entre as nuvens mais altas, parecendo
sobrecarregar seus poderes. Os guardas estavam atentos em todo o resto do pátio
frontal, a ponto de se esquecerem completamente de uma eminente ameaça voadora.
Apesar do súbito trovão abafado ter despertado o alerta de várias pessoas,
outras confundiram com os sinos e foguetes que davam inicio à cerimónia, ou aos
aplausos e risos que as pessoas entregavam à desengonçada Eily.
— Por favor, pare!
— Gritou Oichi.
O homem
entregou-lhe um sorriso um tanto sombrio.
— Parar? Não, eu
tinha que continuar minha viagem vindo até aqui, não podia perder isto, ver
minha irmãzinha abdicando do trono.
— Por que estás
aqui afinal?
— Acabei de te
dizer… Sempre tão pouco inteligente... — ele sussurrou. — E por que eu não fui
convidado? O mensageiro esqueceu-se do meu convite?
— Mais ninguém,
além da própria população de Aurora, o foi!
— Tens a
certeza? — Nobunaga suspirou, elevando o braço em direção ao céu.
O homem de
roupas negras apontou para a árvore próxima. Logo em seguida, o dragão negro que
ele controlava desceu dos céus, largando exatamente ali a sua carga extra. Um
rapaz com vários Pokémon acorrentados com pesadas correntes caíram no chão,
imóveis. Pareciam estar nesta situação há alguns dias visto seus corpos sujos
de terra e sangue e olhar esfomeado, sinais de eminentes torturas corporais como
marcas recorrentes.
— Não é como se
que aquele garoto ali fosse filho de Aurora. Não é como se tivesses dado o
trono da nossa família a uma estrangeira qualquer de outro mundo.
Oichi ficou sem
reacção ao ouvir aquelas palavras.
— Se o queres
ver vivo, se queres que a tua amiga tenha seu irmão de volta são e salvo, se
queres as vidas da população inteira de Aurora salvas, entrega-me o que me
pertence, o trono de Aurora e a sagrada Placa de Arceus. Devolve-me o que
nossos pais nunca tiveram coragem de me voltar a dar.
Oichi permaneceu
quieta. Lágrimas desceram de seus olhos, por mais que ela quisesse mexer seu
corpo, não conseguia. Era como se tivesse levado um choque que a tivesse
deixado presa a uma longa corrente eléctrica que nada mais podia fazer além de
estremecer seu corpo.
— Por que estás
a fazer tudo isto? Muitas pessoas estão a sofrer por tua causa! Eu amo-te do
fundo do meu coração, irmão, e eu sei que também me amas. Para com tudo isto!
Vamos voltar ao que éramos!
O homem parou,
com um olhar distante que preencheu uma direção ao céu. Zekrom rugiu quando
várias lâminas desceram e guerreiros começaram a atacá-lo depois de avistar a
sua tremenda figura de grande dragão eléctrico. Já não era sem tempo de os
guardas fazerem alguma coisa a respeito. Nobunaga suspirou enquanto observava
seu dragão negro lutar deixando marcas quase irreparáveis e estrondos tremendos
nas paredes e todo o pátio do jardim traseiro. Um Typhlosion enorme surgiu
rodeado em chamas e deu um soco no focinho do dragão, que recuou atordoado á
medida que se defendia de correntes, ataques de espadas e lâminas que tentavam
perfurar sua pele grossa.
— Não te
preocupes. Amor tem sempre lugar nesta guerra. Meu motivo é o mais cliché
possível de se prever, eu quero invocar Arceus… Oichi, junta-te a mim e poderemos
reconstruir tudo o que é nosso. Poderemos mudar as pessoas.
— Não! Não é
assim que se muda as pessoas! Eu não te entendo, eu nunca te entendi! Não é
assim! Isto é loucura!
— Eu sei… Sempre
foste a favorita… — Ele comentou frio, ela mais uma vez não entendeu o que ele
quis dizer com aquilo.
Um vulto surgiu
atrás das costas de Nobunaga. O grande rato de fogo preparava uns bons sopros
flamejantes. O homem, naquele preciso momento, correu na direção da irmã,
empurrando-a contra o chão fazendo ambos esquivarem-se de uma parede enorme de
chamas, e, ao mesmo tempo, fazendo o Typhlosion recuar para não atacar tão
próximo assim a uma aliada que pretendia proteger.
Naquele momento,
o Pokémon de fogo rosnou e Nobunaga olhou-o bem fundo nos seus olhos. Ele
reconhecia aquele Pokémon de algum lugar.
— E afinal, o
outro que eu procuro também está aqui… Agora só falta localizar o maldito
pirralho de Terrera.
Zekrom conseguiu
se soltar das correntes que o circundavam e das espadas que o perfuravam, além
dos ataques daquele rato enorme que pareceu ter surgido do nada.
— Espera? O que
queres dizer com isso? — Oichi gritou para ele, em meio da confusão – Porque não
explicas tudo directamente de uma vez! Tu não eras assim louco antes! O que se
passa irmão? Porque estás assim?!
Nobunaga a
encarou, com uma expressão carinhosa.
— Mudança de
planos. Tenho outras coisas a tratar... Mas deixo-te avisada para pensares bem,
MUITO BEM, na minha proposta... Adeus querida irmã.
E naquele
instante, Zekrom o agarrou e, com a cauda cuspindo electricidade fervente, apertou
Nobunaga contra seu peito e disparou-se ao céu, numa velocidade tão grande que
em pouco tempo pareceu somente um pequeno ponto negro sobrevoando ao longe as terras
de Aurora em direção ao horizonte.
Ao longe, ouvia-se
gritos das pessoas ao se aperceberem que Nobunaga esteve ali e que havia
liderado um eminente ataque. Depois de se recuperar brevemente do susto, Oichi
encarou Aerrow caído e correu para ajudar os guardas a soltarem o pobre rapaz
das correntes pesadas. Do outro lado, viu a sombra de um Typhlosion e um rapaz
de roupas completamente estranhas descerem do telhado do palácio e
desaparecendo de vista na direção contrária da aglomeração de gente como se
nunca tivessem estado ali.
Aerrow tentou
recuperar o fôlego. Os Pokémon que o acompanhavam estavam muito fracos e maltratados,
o próprio humano de ar abatido tinha que ser escoltado para cuidados médicos.
Vários guardas do palácio apareceram com tecidos e macas arcaicas para carregar
os feridos. Aerrow tossiu e encarou Oichi que estava se segurando para não
fazer qualquer tipo de questionamento naquele momento delicado.
— A guerra só estando
no norte, é mentira, existem grandes traidores e soldados inimigos entre nós… —
Murmurou em grande esforço.
Ela apertou mais
seu Jigglypuff, nervosa, afinal, o grande inimigo da guerra, seu irmão que ela
acreditava ainda amar, tinha vindo parar ali sem ser detetado pelos guardas e
mais ninguém. Ela ajoelhou-se, vendo Aerrow desaparecer no interior do palácio
e seus Pokémon, para alguma sala onde iriam sofreu cuidados eminentes.
Se Nobunaga
tivesse tido a real vontade, ele poderia ter conquistado Aurora naquele exato momento,
tudo parecia mais um jogo que surgira num piscar de olhos, e ela tinha sido
incapaz de defender aquelas terras ou até mesmo fugir e avisar a sua amiga ou
os guardas mais próximos quando viu seu irmão do nada aproximar-se dela. A Sylveon
de Eilonwy também tinha sido escoltada para cuidados, já que o enorme choque a
atingira imenso, e a sua dona, preocupada pelo som sentido nas traseiras e os
avisos dos guardas, procurava tanto a Sylveon como a Oichi com imensa
preocupação.
Em pouco tempo a
dita cerimónia tinha dado o anúncio de cancelamento devido ao ocorrido, e a
população se dispersou, preocupada mas ao mesmo tempo alerta e desapontada com
sua governante que naquele momento ainda era Oichi, que estava sendo vista como
fraca, ainda mais do que aquilo que era.
Os guardas tentaram
fazer um levantamento dos estragos e questionavam Oichi, mas ela não parecia em
estado de responder grande coisa com clareza. Quando se apercebeu, sentiu o
abraço aconchegante e familiar, o abraço da sua Eilonwy.
— Vai descansar —
Ela comentou com calma. — Eu tento trato do resto, e depois do meu irmão.
O Pergaminho Branco: Preocupações de Oichi
Versão Online do Primeiro Capitulo do Mangá:
Ambição de Nobunaga - Pergaminho Ilustrado de Ransei
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